Separações difíceis ou relações baseadas na violência põem em perigo crianças. Comissões estão a seguir mais casos deste tipo.
Os conflitos entre os pais estão a levar mais crianças e jovens a serem acompanhados pelas comissões de protecção de menores. Casos em que os filhos não são vítimas directas da agressão dos pais, mas servem de arma de arremesso entre o casal, sofrendo os efeitos emocionais indirectos das separações ou das relações construídas com base na violência.
Os exemplos são variados e surgem cada vez mais no seio das famílias da classe média e alta. Pais que se agridem à frente das crianças, que acusam o marido de abusar sexualmente dos filhos, que ofendem e ameaçam os namorados dos ex-companheiros ou que tentam atingir-se negando um ao outro o contacto com o filho.
O caso de Ana é sintomático. Grávida de sete meses, saiu de casa e foi para junto dos pais, numa casa grande, até com piscina. Na comissão de menores acusou o marido de agressão. Rui negou, queixou-se de não ver o bebé e de estar sempre sujeito aos entraves da ex-mulher e da família. Após avaliar o caso, a comissão concluiu que não havia violência, mas apenas um enorme conflito entre os pais e respectivas famílias. O filho era apanhado nos seus jogos de poder. Quando as relações pareciam estar a melhorar, e no dia em que até tinham combinado ir juntos inscrevê-lo na escola, Rui recebeu um sms de Ana a dizer que estava a caminho do Brasil. Um ano depois continua sem ver o filho.
"Os pais vivem em conflito permanente, físico e verbal. Consideram que os filhos, sendo sua propriedade, podem ser utilizados como arma de arremesso", afirmou ao DN Catarina Tomás, socióloga e investigadora da Escola Superior de Educação. A especialista que este ano fez a apresentação pública do relatório das comissões de protecção diz que os números de 2009 ainda não espelham esta tendência, que já é sublinhada pelos técnicos. "Estes problemas são caracterizados como casos de exposição a modelos de comportamento desviante. Mas neste grupo cabem situações diversas." Como os casos de pais que se drogam em casa, vêem filmes pornográficos com os filhos ou dão tiros no cão.
Catarina Tomás diz que a tendência é sinal dos tempos. E que "não ter tempo para os filhos também é uma forma de maus-tratos e negligência". Contudo, lembra que a sociedade não tem solução para muitos problemas da família e que não se podem debatê-los sem avaliar a política laboral.
Na comissão de Sintra Ocidental, os técnicos vêem diariamente nas crianças o efeito dos conflitos dos pais. "Nas separações usam- -nos para fazer mal um ao outro. Se há traição, é como se dissessem: "Escolheste outro, agora não tens filho!", explicou Teresa Villas. A presidente da comissão, também mediadora familiar, diz que "é preciso lembrar os pais que não são donos dos filhos, não podem usá-los para esgrimir argumentos".
Teresa Villas considera que há pais que são "analfabetos sociais, nem conseguem prever o perigo das crianças". E que, apesar de quase sempre dizerem amar os seus filhos, é "preciso ter coragem para lhes mostrar que há afectos que não valem nada, só prejudicam. Se há casos em que podemos dizer: 'Coitadinho, está numa instituição', noutros temos de dizer 'coitadinho, está numa família'".
Os exemplos são variados e surgem cada vez mais no seio das famílias da classe média e alta. Pais que se agridem à frente das crianças, que acusam o marido de abusar sexualmente dos filhos, que ofendem e ameaçam os namorados dos ex-companheiros ou que tentam atingir-se negando um ao outro o contacto com o filho.
O caso de Ana é sintomático. Grávida de sete meses, saiu de casa e foi para junto dos pais, numa casa grande, até com piscina. Na comissão de menores acusou o marido de agressão. Rui negou, queixou-se de não ver o bebé e de estar sempre sujeito aos entraves da ex-mulher e da família. Após avaliar o caso, a comissão concluiu que não havia violência, mas apenas um enorme conflito entre os pais e respectivas famílias. O filho era apanhado nos seus jogos de poder. Quando as relações pareciam estar a melhorar, e no dia em que até tinham combinado ir juntos inscrevê-lo na escola, Rui recebeu um sms de Ana a dizer que estava a caminho do Brasil. Um ano depois continua sem ver o filho.
"Os pais vivem em conflito permanente, físico e verbal. Consideram que os filhos, sendo sua propriedade, podem ser utilizados como arma de arremesso", afirmou ao DN Catarina Tomás, socióloga e investigadora da Escola Superior de Educação. A especialista que este ano fez a apresentação pública do relatório das comissões de protecção diz que os números de 2009 ainda não espelham esta tendência, que já é sublinhada pelos técnicos. "Estes problemas são caracterizados como casos de exposição a modelos de comportamento desviante. Mas neste grupo cabem situações diversas." Como os casos de pais que se drogam em casa, vêem filmes pornográficos com os filhos ou dão tiros no cão.
Catarina Tomás diz que a tendência é sinal dos tempos. E que "não ter tempo para os filhos também é uma forma de maus-tratos e negligência". Contudo, lembra que a sociedade não tem solução para muitos problemas da família e que não se podem debatê-los sem avaliar a política laboral.
Na comissão de Sintra Ocidental, os técnicos vêem diariamente nas crianças o efeito dos conflitos dos pais. "Nas separações usam- -nos para fazer mal um ao outro. Se há traição, é como se dissessem: "Escolheste outro, agora não tens filho!", explicou Teresa Villas. A presidente da comissão, também mediadora familiar, diz que "é preciso lembrar os pais que não são donos dos filhos, não podem usá-los para esgrimir argumentos".
Teresa Villas considera que há pais que são "analfabetos sociais, nem conseguem prever o perigo das crianças". E que, apesar de quase sempre dizerem amar os seus filhos, é "preciso ter coragem para lhes mostrar que há afectos que não valem nada, só prejudicam. Se há casos em que podemos dizer: 'Coitadinho, está numa instituição', noutros temos de dizer 'coitadinho, está numa família'".
Fonte: Diário de Notícias
03-11-2010
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