quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Bullying - criminalização aplica-se apenas a maiores de 16 anos

O secretário de Estado Adjunto e da Educação afirmou, em Coimbra, que a proposta de lei do Governo de criminalização da violência escolar se aplica apenas a maiores de 16 anos e a situações de "grande violência".

A proposta de lei, aprovada na semana passada na Assembleia da República, "é apenas para ser aplicada aos indivíduos com mais de 16 anos", afirmou Alexandre Ventura, em declarações aos jornalistas após a sessão de encerramento do curso de ensino à distância "Violência e Gestão de Conflitos na Escola", na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

Destina-se - adiantou o membro do Governo - a "situações de absoluta excepcionalidade, de grande violência", ou com carácter fortuito ou reiterado.

"Sendo com carácter fortuito, normalmente prende-se com situações de violência física, com carácter reiterado diz respeito ao bullying escolar", esclareceu.

Na sua intervenção, o secretário de Estado Adjunto e da Educação frisou que a alteração recente do Código Penal se destina a resolver "questões de excepcional violência" e "não a criminalizar todas as situações de violência" na escola, o que justifica a proposta de lei em causa.

"É necessário que as pessoas entendam que não é intenção do Ministério da Educação passar a resolver as situações de indisciplina nas escolas ou de violência mais banal - 'banal' não desculpabilizando essa violência - , através da aplicação do Código Penal", disse aos jornalistas, lembrando os instrumentos já existentes neste domínio, nomeadamente o estatuto do aluno, os regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino e a lei tutelar educativa.

Contudo, segundo Alexandre Ventura, "há situações de absoluta excepcionalidade que, de facto, ultrapassam a capacidade das escolas, das direcções e dos professores, de resolver".

"Nesses casos de absoluta excepcionalidade deve ser equacionada a possibilidade de aplicação do Código Penal, mas caberá aos tribunais e aos juízes tomarem as decisões a este propósito", considerou, ao salientar também o "carácter dissuasor" da criminalização.

O curso encerrado pelo membro do Governo teve a duração de 90 horas e foi frequentado por professores com função de direcção de turma de 15 escolas do país, segundo uma nota do Ministério da Educação (ME).

Inserido no âmbito de um protocolo firmado entre o Ministério da Educação e a Universidade de Coimbra, este projecto-piloto de formação de docentes "insere-se na opção estratégica do ME de prevenir comportamentos agressivos ou violentos, em espaços educativos".
Fonte: Lusa / EDUCARE 2011-01-26

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Internet: apenas um quarto dos pais portugueses utiliza ferramentas de controlo parental

Apenas um quarto dos pais portugueses utiliza ferramentas de controlo parental para bloquear ou filtrar o acesso das crianças a sítios de Internet, um número em linha com a média europeia, revela um estudo hoje divulgado em Bruxelas.

O estudo "EUKidsOnline", cujos primeiros resultados já haviam sido divulgados em outubro de 2010, indica que, em média, apenas 28 por cento dos pais na Europa utilizam as ferramentas de controlo, estando Portugal ainda abaixo desse valor (22 por cento), de acordo com as respostas dadas pelas crianças que utilizam Internet.

Os valores são ligeiramente mais elevados, quando são os pais a responder: 33 por cento dos pais europeus e 29 por cento dos pais portugueses dizem utilizar tais ferramentas.

Os resultados do estudo divulgados em outubro passado indicavam que quase 60 por cento das crianças e jovens portugueses têm um perfil numa rede social e destes 25 por cento têm-no sem restrições de acesso.

Este é um dos dados relativos a Portugal revelados pelo inquérito realizado em 25 países europeus e que envolveu 23 mil crianças dos 9 aos 16 anos.

Este estudo visou determinar fatores de risco, como pornografia, 'bullying', mensagens de cariz sexual, contacto com desconhecidos, encontros 'offline' com contactos 'online', conteúdo potencialmente nocivo gerado por utilizadores e abuso de dados pessoais.

Dos 58 por cento de crianças e jovens com perfil numa rede social, 34 por cento têm até 10 contactos e 25 por cento até 50 contactos.

Entre os jovens portugueses utilizadores de redes sociais, 25 por cento têm o perfil público, enquanto 7 por cento partilham a morada ou o número de telefone (estão entre os que menos o fazem em comparação com as outras crianças europeias).

Portugal é um dos países com menor incidência de riscos 'online' para crianças e jovens, situando-se abaixo da média europeia (12 por cento), segundo o inquérito.

Apenas sete por cento das crianças e jovens portugueses declararam já se terem deparado com os riscos referenciados pelo inquérito.

A maioria das crianças não declarou ter tido qualquer experiência perturbadora 'online' e sente-se confortável em atividades na Internet que alguns adultos consideram arriscadas.

Contudo, acrescenta o estudo, os jovens portugueses de 11 a 16 anos estão entre os que mais declaram ter sentido bastantes vezes que estavam a fazer um uso excessivo da Internet (49 por cento), muito acima da média europeia (30 por cento).
Fonte:http://www.ionline.pt/conteudo/98383-internet-apenas-um-quarto-dos-pais-portugueses-utiliza-ferramentas-controlo-parental