Por ANA BELA FERREIRA
Em 2010, a linha de ajuda do Instituto de Apoio à Criança recebeu uma média de dez denúncias diárias
Desde Janeiro e até agora, o Instituto de Apoio à Criança (IAC) já recebeu na sua Linha SOS Criança 591 denúncias de situações de risco que afectam menores. O que equivale a uma média de dez chamadas por dia. A maioria dos casos diz respeito a problemas dentro da família, conforme reconhece o coordenador da Linha SOS Criança, Manuel Coutinho. Em segundo lugar estão os alertas relativos a maus tratos físicos e psicológicos em instituições, que são maioritariamente escolas ou centros de acolhimento. Num total de 18 chamadas, que incluem denúncias de bullying.
Assim, depois das situações detectadas no seio da família, é na escola que surge a maioria dos problemas que colocam as crianças em risco. As denúncias partem na sua maioria de adultos, que hoje em dia já "estão mais sensibilizados para esta problemática", adianta Manuel Coutinho.
Nos primeiros meses do ano, registaram-se ainda 67 apelos relativos a crianças em perigo. Ou seja, de casos de crianças maltratadas continuamente no seio familiar. Nestas situações, as vítimas "precisam de uma intervenção imediata", explica Manuel Coutinho. Mais numerosas são as queixas de negligência. Em pouco mais de dois meses, a SOS Criança registou 69 chamadas neste âmbito.
Também em 2009 as situações de negligência e crianças em perigo foram as mais comuns. No primeiro caso houve 385 denúncias e no segundo 509. No total, a linha de apoio, que é gratuita e anónima, recebeu 4154 chamadas nesse ano. Os casos de violência física e psicológica em instituições, que englobam tanto problemas entre crianças como de professores/educadores contra alunos, registaram 54 denúncias.
O número de apelos que chegam à Linha do IAC não têm variado muito ao longo dos anos. Desde que foi criada em 1988 que a média de chamadas anuais se tem situado nas 4000. No entanto, existem diferenças no número de chamadas durante a semana. "À segunda-feira há um maior número de apelos e à sexta-feira há menos", refere o coordenador da Linha.
Depois do apelo feito à SOS Criança, os técnicos recolhem todas as informações relativas à situação concreta e encaminham todo o processo para as autoridades competentes. "Só depois de se fazer um diagnóstico sobre a situação é que esta é sinalizada para as estruturas competentes", acrescenta Manuel Coutinho.
Nestes primeiros meses do ano houve ainda 13 apelos relativos a crianças desaparecidas, 14 de abuso sexual e três denúncias de pedofilia. Além destas situações mais problemáticas, existem também muitas chamadas de crianças e adultos que procuram apenas aconselhamento.
Por exemplo, registaram-se 78 chamadas de pessoas que apenas queriam falar com alguém e 25 que queriam informações sobre o serviço ou outras situações. Estes pedidos também fazem parte da missão da SOS Criança, lembra Manuel Coutinho. "Este é um serviço que directa ou indirectamente dá voz à criança. Todas deviam ter o número da SOS sempre consigo", acrescenta o psicólogo.